domingo, 12 de fevereiro de 2012

Caruaru - 17/01/2012

E há dentro de mim um vazio sem tamanho!
Eis que meu coração está dilacerado por uma ausência que ainda não é real, uma dor que faz meus sentidos perderem todo o sentido.
Minha mente está cheia de nada, repleta do vazio que ele me tem causado.
E assim eu estou, a conter minhas lágrimas e a engolir cada instante dessa tristeza com um gole de vinho, seco!
Seco como tudo isso que me consome. Seco como toda essa distância, seco como tudo aquilo que está ao meu redor e que se resume a nada.
E nada faz sentido, e nada mais tem valor e nada mais me transmite nada, porque eu já não mais tenho o sentido dos pensamentos, dos sentimentos, das atitudes.
E é estranho sentir nada, dormir e acordar com a saudade do teu cheiro, do toque das tuas mãos, do calor da tua pele e da força dos teus braços que me envolvem e me fazem segura...
Meu corpo sente a necessidade do teu para sobreviver, do teu beijo com gosto de vinho que hoje não posso sentir.
Nessa ânsia de te encontrar, mais uma vez, e mais uma, e mais uma, e mais uma, eu encho essa taça com aquele vinho SECO que tu adoras, e assim eu tento sentir o sabor do teu beijo... Em vão!
Só queria a resposta, para que, ao menos por um instante eu conseguisse me ver livre disso tudo que me corrói, angustia e dilacera.
Mas eu sei que você volta, e contigo todo esse vazio dará lugar novamente ao nosso amor, nossa alegria... E teus sorrisos novamente me acalentarão e iluminarão os meus dias que necessitam, apenas de ti, para serem completos.

(Hélida Fonseca.)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

TERNURA



“Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.”

(Vinícius de Moraes)